Conexão Mata Atlântica reforça tradição do IEF no fomento florestal

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O projeto usa uma abordagem de manejo florestal sustentável a fim de produzir múltiplos ganhos ambientais 📷 Evandro Rodney

Na prática, o projeto Conexão Mata Atlântica começou em 2017 com o tema “Adequação Ambiental de Propriedades Rurais e Técnicas de Manejo e Conservação de Sola e Água para Aumento de Oferta de Água”. Contudo, o trabalho vem desde 2012 numa construção sólida e repleta de grandes parcerias para o sucesso dos seus resultados, reflexo de muito trabalho dos gestores e dos técnicos que acreditaram e transmitiram essa credibilidade aos atores principais: os produtores rurais que se inscreveram e tiveram suas propriedades transformadas com o trabalho do Conexão Mata Atlântica.

Nesses 60 anos do Instituto Estadual de Florestas (IEF), comemorados neste mês de janeiro, o projeto é referenciado por produtores em Minas tanto por melhorias nas propriedades quanto pelo ganho ambiental em suas regiões. Em Minas Gerais, a execução das ações do Conexão é de responsabilidade da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad); IEF; da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais (Sedectes) e a Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG).

O objetivo da iniciativa é recuperar e preservar serviços ecossistêmicos associados à biodiversidade e ao clima em zonas prioritárias do Corredor Sudeste da Mata Atlântica brasileira. A sua área de atuação é a Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, que abrange parte do estado de São Paulo, atravessando a conhecida região socioeconômica do Vale do Paraíba Paulista, parte de Minas Gerais, na Zona da Mata Mineira, e metade do Rio de Janeiro.

A região da bacia que se encontra na Zona da Mata Mineira possui como principais afluentes os rios Pomba, Muriaé, Preto e Paraibuna.

Sustentabilidade

O projeto usa uma abordagem de manejo florestal sustentável a fim de produzir múltiplos proveitos, especialmente os benefícios de captura e manutenção de estoques de carbono relacionados ao uso da terra e à mudança do uso da terra, favorecendo e incentivando a silvicultura e o incremento da biodiversidade. Já foram capacitados cerca de 1 mil pessoas, entre elas: produtores rurais, estudantes e técnicos em temas relacionados ao meio ambiente, a conversação, restauração e recuperação de áreas.

O Projeto Conexão Mata Atlântica é financiado com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (Global Environmental Facility – GEF), tendo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como agência implementadora e a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (FINATEC) como executor financeiro.

Ao todo são 202 propriedades cadastradas Minas Gerais, num total de mais de 2 mil hectares. Destes 20,15 ha trabalham em sistemas de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) outros 542,37 ha fazem Sistema Agroflorestal (SAF),  tem os 1.378,78 ha que focam 100% na recuperação de áreas degradadas e 72,59 ha em outras modalidades.

Histórico

O Conexão Mata Atlântica começou na Secretaria de Ciência e Tecnologia e, em 2012, o Meio Ambiente passou a fazer parte do desenvolvimento, criação de ferramentas, metodologias e a formatação do Conexão.

Segundo o coordenador do projeto em Minas, o analista ambiental do IEF, Marlelo Araki, “a iniciativa é uma construção. Escolhido o nicho a ser trabalhado, no caso, a recuperação nos moldes do fomento já trabalhado pelo IEF, foi necessário apresentar aos financiadores e acertar os detalhes, o que foi feito entre 2012 e 2016, já que além de Minas o Conexão envolve mais dois estados e o Ministério da Ciência e Tecnologia; e todos os componentes precisavam estar ajustados”.

Da assinatura em 2016 até à prática em 2017, quando houve a primeira liberação de recursos, houve uma intensa mobilização nos municípios, com prefeituras, sindicatos, Emater, “os dias de campo foram fundamentais”, ressaltou Araki.

Para fazer parte do Conexão Mata Atlântica, todos os proprietários precisavam ter o Cadastro Ambiental Rural – CAR em dia e, agora, serão orientados para o cadastro no Programa de Recuperação Ambiental – PRA.

Transformação nas propriedades

Para o produtor de orgânicos da região de Juiz de Fora, Roberto Aarestrup, proprietário beneficiado pelo projeto, a agroecologia é o futuro. “Fui muito bem acolhido pelo IEF com os técnicos e as indicações foram ótimas. Hoje estamos com um projeto de reflorestamento e de agroecologia, comecei desconfiado e só posso agradecer”, conta, satisfeito.

O produtor da unidade modelo, Jorge Augusto, sempre conta sobre a transformação da sua propriedade. “Peguei uma terra pelada, conheci o Conexão e não acreditei que algo assim poderia ser feito, hoje temos a propriedade modelo do projeto, área de recuperação, tem ILPF, consórcio de café com abacate. É um casamento que deu certo”, conclui o produtor.

Com foco no aumento do volume de água, André Amaral, proprietário de uma agroflorestal em Dona Eusébia, trabalha firme com apoio da iniciativa. André explica que “essa plantação já existia antes do Conexão, mas o que levaria mais de cinco anos para ser alcançado, com o projeto foi feito em meses e o volume de água na propriedade e no entorno já vai começando a melhorar”.

Técnico do IEF no Regional Mata, Joaquim Santos, destaca o ganho ambiental que o projeto proporciona. “Vemos nascentes sendo preservadas, áreas reflorestadas e com isso as bacias dos rios da região sendo recuperadas, isso é uma recompensa do nosso trabalho”.

Dalyson Figueiredo, coordenador do Cedef, em Viçosa, explica a estratégia das unidades demonstrativas. “Como bom mineiro, aprendi que as pessoas têm que ver para crer. Daí as unidades modelos, onde levamos outros produtores para mostrar o que é possível fazer com os recursos do projeto”.

O supervisor da Unidade Regional de Florestas e Biodiversidade da Zona da Mata, Laio Verbeno, destaca a união do Estado com o usuário, além do planejamento das ações. “Um trabalho quando bem planejado consegue mudar as realidades”, destaca o supervisor.

Conexão com Conservador da Mantiqueira

O IEF firmou parceria com a organização internacional The Nature Conservancy  (TNC) para contribuir nas atividades do projeto Conservador da Mantiqueira.  A parceria entre o IEF e a TNC contribui para o pagamento do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) nas áreas de restauração do projeto Conexão Mata Atlântica, garantindo uma maior valorização do produtor rural que contribui diretamente para a redução das mudanças climática.

“Sendo o tema crédito de carbono muitas vezes desconhecido pelo produtor rural, esta é uma oportunidade para o IEF, em parceria com a TNC, garantir a inserção destas áreas em um contexto mundial de benefícios para redução das mudanças climáticas. Tema, aliás, trabalhado pelo Sisema durante a COP 26, em que Minas Gerais se mostra bem preparado e com diversas atividades para contribuir com o aumento de estoque de carbono”, destaca Marcelo Araki, analista ambiental do IEF e coordenador do projeto Conexão Mata Atlântica.

Cezar Cruz, diretor de conservação e recuperação de ecossistemas do IEF explica que “o objetivo do Conservador da Mantiqueira, desenvolvido pela TNC, é promover a restauração florestal de espécies nativas em cerca de 1.200.000 hectares, na área de influência da Serra da Mantiqueira, nos mais de 280 municípios dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Para isso, será utilizada a expertise do município de Extrema na execução do Projeto Conservador das Águas, primeira experiência brasileira de projeto de restauração florestal utilizando o mecanismo de PSA, bem como o apoio para a implantação do Plano Municipal da Mata Atlântica (PMMA)”.

Os objetivos específicos do plano consistem na formação de corredor ecológico na área de abrangência e influência da Serra da Mantiqueira, melhorias  da capacidade de produção dos serviços ambientais, como a água; a conservação de solo; a biodiversidade; o sequestro de carbono; a manutenção da paisagem; a promoção de planos municipais e regional da mata atlântica, com a participação de diversos atores e com o apoio da Fundação SOS Mata Atlântica; a melhoria da capacidade de resiliência dos municípios para enfrentar os danos causados pelas mudanças climáticas e o fortalecimento da governança ambiental nos municípios.

Para mais  informações acesse  a página do Conexão Mata Atlântica e do Plano Conservador da Mantiqueira.

Renata Fernandes
Ascom/Sisema